O ditado poderia ser assim: “Dize-me o que oras e te direi quem és”. Pois o que alguém ora fala mais sobre quem realmente é do que aquilo que apregoa das tribunas da vida.
Não é necessariamente o que é dito, o palavreado com verniz de religiosidade que fala mais alto, mas principalmente a atitude com a qual expressa contrição pessoal e devoção a Deus.
Jesus falou disso quando contou a parábola a respeito de dois homens que subiram ao templo com o propósito de orar. Um era fariseu, “xerife” da religião organizada, de moral ilibada e socialmente conceituado, senhor de si; e o outro, publicano, um mero pária espiritual, sem direito sequer a entrar no templo.
“O fariseu, em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.”
“O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!”
Quem observasse a cena, possivelmente seria levado a pensar que, comparativamente, o publicano não teria a menor chance. Mas Jesus, não: “Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado” (Lc 18.10-14).
Esse é o mistério da graça revelada no Evangelho, nas Boas Novas de salvação. A oração tem o condão de mostrar o que vai por dentro de cada pessoa, se a sua atitude, ao orar, é de dependência de Deus ou de mera soberba da vida.
A partir desse encontro com a verdade a seu respeito, a graça permite a condição de olhar para além de si mesmo e de interessar-se pelo que interessa ao coração do próprio Deus.
Assim, quando alguém acredita e ora antes mesmo de existirem as condições mínimas para que a bênção aconteça, isso não é só fé, é também uma visão de futuro, e mostra até aonde queremos chegar na vida.
A oração de Gunnar Vingren evidencia isto. Em agosto de 1932, quando viajava de navio retornando à Suécia, na linha do Equador, próximo à costa do Pará, ele orou: “Oh! Como eu desejaria que pudéssemos ser como fortes estações de rádio, para que o mundo pudesse ouvir a voz de Deus! Deus, dá-me esta graça.”
É preciso comparar. Vingren estava em grande fraqueza, lutando contra a doença que finalmente o levaria; voltava para casa sabendo que lhe restava pouco tempo. Deixara um trabalho ainda incipiente na nação que adotara no coração; estava no meio de lugar algum, num navio, num ponto imaginário chamado linha do Equador.
Seu corpo dizia “não”, seu espírito teimava em sonhar. Seu corpo dizia “sossega”, sua mente engendrava projetos; seu corpo dizia “descansa”, sua vontade era a de um incansável pregoeiro das Boas Novas.
O rádio tinha apenas começado, não havia televisão ainda. Nem mesmo havia dinheiro para que se permitisse sonhar com alguma zona de conforto da oração fortuita. Porém, a oração traduzia o que lhe passava no íntimo. Havia uma tarefa inacabada no Brasil, e o rádio parecia uma solução. Tudo o que ele tinha era a fé que ainda teimava em sonhar fazer grandes coisas. E isso fazia toda a diferença.
A oração silenciosa de Gunnar Vingren foi respondida com o advento da Rede Boas Novas. Pois foi exatamente aqui, na linha do Equador, há 17 anos, que começou essa rede de rádio e televisão genuinamente evangélica que alcança milhões de pessoas em todo o País.
Deus, porém, segundo a sua riqueza em glória, deu muito mais do que Vingren desejou. Ele orou por uma emissora de rádio, Deus deu duas; e mais dois canais de TV e 43 retransmissoras.
A obra cresceu e a Boas Novas, hoje, tem presença em todo o País, sendo a maior rede de televisão evangélica brasileira, buscando alcançar vidas em todos os setores da sociedade — das palafitas aos condomínios luxuosos, dos pequenos povoados às grandes cidades — visando a ganhar almas preciosas para o reino de Deus e à consolidação dos bons costumes na sociedade brasileira.
A Boas Novas é a resposta de uma oração feita há 78 anos, é também o resultado do esforço de muitos, que oram e contribuem, em seus 17 anos transmitindo Jesus.
Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe Confira os artigos do Pastor Samuel Câmara, todas as semanas no jornal
Fonte: "O Liberal"/ "Blog do Samuel Camera"
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